Tem início hoje, 9 de fevereiro, com a libertaçãode dois de sete exemplares, aépoca de soltas de lince ibérico em Portugal. O programa continuará até ao final do mês,na área de reintrodução do Vale do Guadiana.Os exemplares a soltar durante fevereironasceram em 2020, em três dos quatro Centros de Reprodução em Cativeiro, existentes na Península Ibérica. Dois exemplares, machos, provêm de El Acebuche(Andaluzia); três exemplares, fêmeas, são oriundos de La Olivilla(Andaluzia); e ainda dois exemplares, machos,nasceramnoCentro Nacionalde Reprodução do Lince Ibérico (CNRLI),do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), situado em Silves, no Algarve.O ano de 2020foi particularmente favorável ao lince em Portugal, com o nascimento de 60crias em meio natural e o estabelecimento de 18fêmeas reprodutoras com territórios estabilizados,tornando assim o Vale do Guadiana uma das áreas de reintrodução com maior sucesso a nível ibérico. De facto, passadosseis anos sobre o início da reintrodução do lince-ibérico em Portugal, estenúcleo populacional evidencia umcrescimentosustentado, reunindo mais de 150 exemplares que se distribuem por quase 500 km2.Para estasituaçãomuito positivatem contribuídoa colaboração de proprietários e de gestores deherdades e de zonas de caça, uma gestão sustentável do território, a abundância de coelho-bravo, uma atitude favorável evidenciada pela população local à presença dolincee aconectividade da população de linces do Vale do Guadiana com as presentes noutras áreas deEspanha, fundamental para o incrementoda variabilidade genética.A área de reintrodução em Portugal, foi selecionada em 2014, no âmbito do projeto LIFE Iberlince.Aárea do Vale do Guadianacompreende territórios dos concelhos de Mértola, Serpae zonas adjacentes,para onde os linces se dispersaram naturalmente,situadas nos concelhos de Alcoutim, Castro Verde e Beja. Estas áreas estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do novo projeto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em setembro de 2020 e que,em Portugal, congrega como parceiros, para além do ICNF, a CIMBAL e a Infraestruturas de Portugal, IP.As áreas de solta definidas para 2021 foram selecionadas com base em critérios técnicos de existência de habitat adequado e de disponibilidade de alimento para os linces e contaram com asvaliosascolaboraçõesdo Regimento de Infantaria n.º1de Beja e da Câmara Municipal de Mértola, traduzidas na permissão de realização de parte das soltas, em terrenos sob a sua jurisdição.A reintrodução é um processo a médio longo prazo que tem como objetivo estabelecer uma população viável e que mantenha um fluxo genético regular com outras populações de lince, restabelecendo a situação favorável à espécie. O ICNF regista,com agrado,ointeresse e o envolvimento crescentes dos cidadãos,da comunicação social e de associações e empresas públicas e privadas, na conservação dolince-ibéricoem Portugal.